Maior produtor brasileiro de commodities agrícolas
Com a economia pautada principalmente no agronegócio, o Estado de Mato Grosso tem sua produção agrícola com preservação de 62% do território, índice único no Brasil. Encontram-se na região três tipos de biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Apesar dessa diversidade de vegetação, o clima no estado é bem definido e dividido em duas fases: período chuvoso e o de seca.
O setor agropecuário que corresponde a 28,1% do Produto Interno Bruto (PIB) da região tem como principais cultivos: soja, algodão, cereais, leguminosas e oleaginosas. Como maior produtor nacional líder pela 10ª vez consecutiva em soja, milho e algodão, abrigando 20 municípios dos 35 maiores produtores do Brasil, é responsável por produzir cerca de 20% da soja nacional mesmo com o cenário atual devido à falta de chuvas.
O plantio de soja neste ano está quase sete vezes mais adiantado em comparação ao ano anterior. O cenário é de plantio avançado, porém está vivenciando duas realidades distintas. Enquanto alguns agricultores se aproximam da reta final do plantio, outros estão enfrentando a difícil escassez de demanda de insumos básicos essenciais, como sementes e fertilizantes, o que pode prejudicar o desempenho das lavouras. Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA MT), o estado está enfrentando um problema de déficit de silos para comportar as safras. A disparidade em relação ao que é produzido e a capacidade de armazenagem é o grande gargalo do setor produtivo, o que incentiva a construção de novos silos, uma vez que garante ao produtor maior rentabilidade, tranquilidade na colheita e garantia de alimento o ano todo.
Quanto ao setor pecuário, o Mato Grosso também detém um dos maiores rebanhos bovinos do país, com destaque para o gado de corte, com mais de 140,2 mil famílias de agricultores vivendo unicamente dessa atividade.
As principais rodovias de acesso no estado são as BR-163 e BR-364 por onde tem entroncamentos aos principais municípios por onde é transportado uma grande carga de produção agrícola e industrial para os grandes centros metropolitanos e portos do Brasil. Nesta sexta-feira dia 8 de outubro de 2021, foi aprovado um novo projeto do “marco legal das ferrovias em Mato Grosso”, a primeira ferrovia estadual, a qual deve trazer melhor competitividade ao setor de transporte, pois irá proporcionar uma redução de até 40% nos custos dos fretes aos produtores rurais, além de auxiliar no escoamento de grãos e fortalecer a logística da região. A construção deve ainda, gerar cerca de 230 mil empregos diretos e indiretos.
No que tange as oscilações do dólar e as consequências para os negócios, especialistas da FK Consulting fazem alerta. “Empresas que têm empréstimo atrelando juros com a oscilação do dólar, se não tem uma proteção, perdem sem dúvida. São detalhes e cuidados constantes que preservam uma operação”, releva Frank Migiyama, sócio da FKConsulting.Pro, especialista em reestruturação e melhoria de resultados.
Na outra ponta, quem trabalha fortemente com exportação tende a se beneficiar. É o caso da exportação de calçados e commodities como soja, milho. “A alta do dólar aumenta também os preços dos insumos importados, logo aumenta o custo. Mas se a gestão está equilibrada, o Agro por exemplo, tende a aumentar a receita das exportações. Sobretudo vale lembrar que é um setor desprotegido no sentido de estar sujeito às intempéries do clima que impacta no resultado final. “, avalia Frank.
Fora apontado como um dos cinco estados brasileiros que teriam forças econômicas para superar os efeitos da pandemia da Covid-19 e encerrar 2021 com o Produto Interno Bruto (PIB) 1,4% acima dos índices de 2019 (antes da pandemia), tem todas as condições de continuar liderando indefinidamente porque tem todas as ferramentas definidas e que já estão em uso. Em vista disso, o estado de Mato Grosso deve registrar crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 41% e liderar a retomada da economia brasileira, a estimativa crescente do Agro Mato-grossense tem todo um potencial de expansão, garantindo o reflexo positivo na economia, muito melhor do que a maioria dos demais estados.
Esta não é a primeira turbulência e nem a última que enfrentaremos, mas adiciona-se a esse cenário, os desabastecimentos de insumos, dificuldade na entrega de serviços e de produtos finais, “bail out” do governo e de outras instituições. Vivemos um alerta forte que indicará novas recuperações judiciais e extrajudiciais, além de falências. Vivenciamos hoje um efeito borboleta e cascata que pode perdurar alguns anos até recuperarmos uma ascendência desejada do PIB. Todos os setores de certa forma, já estão sendo impactados e a necessidade de se reestruturar e inovar, com recursos limitados, é a ordem do dia.
Por Natasha Wounnsoscky, Perita Judicial e especialista em Agronegócio pela USP.