Juíza mantém Rufino afastado da JR Diesel por suspeita de fraude

Relatório de interventor judicial mostrou supostas saídas de R$ 6,8 milhões em três anos para sócios e pessoas sem relação com a empresa

A juíza Gilvana de Souza, da 7ª Vara Cível de Osasco, determinou que o empresário Geraldo Rufino volte a ser afastado do comando de sua empresa, a JR Diesel, uma das maiores da América Latina no ramo de desmanche de caminhões. Na decisão, a magistrada cita suspeitas de fraudes na gestão da companhia e mantém um gestor nomeado por ela para comandá-la.

A JR Diesel está em recuperação judicial desde 2016, quando tinha dívidas de R$ 40 milhões. Como revelou o Metrópoles, organizações como a JSL, do ramo de logística, e a Movida, de locação de veículos, têm acusado Geraldo Rufino de blindar seu patrimônio com uso de laranjas e fraudes. Fora da recuperação judicial, essas companhias têm obtido decisões que têm reconhecido que empresas dele estão em nome de terceiros de sua confiança.

A juíza citou um longo relatório do atual interventor da JR Diesel, Frank Migiyama, que constatou a saída de R$ 6,8 milhões, em três anos, para sócios e firmas que não têm comprovada relação com a empresa, transações picadas de R$ 5 mil a R$ 8 mil em dinheiro vivo que chegam a R$ 770 mil e movimentação em cartão-prêmio em R$ 380 mil para filhos do empresário.

“Pontue-se a esse respeito que não é de hoje que pairam suspeitas nestes autos de que a recuperanda teria distribuído lucros de maneira indevida a seus sócios durante a recuperação judicial e de que teria beneficiado determinados credores em detrimento do que ora estabelecido no plano de recuperação judicial”, disse a juíza.

A magistrada também citou a reportagem do Metrópoles que revelou a guerra de Rufino com credores e investigações policiais que atingem empresas de seus familiares. Uma delas, em nome de seu filho, era sediada no endereço da JR Diesel e foi investigada por clonagem de veículos do Exército

Vai e vem de decisões

Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decretou a falência da JR Diesel no fim de 2023. A juíza do caso deu início ao processo e, por considerar que o administrador judicial da empresa estava se omitindo sobre as suspeitas de fraudes, trocou o auxiliar. Em razão também dessas acusações, resolveu intervir na empresa.

Em dezembro do ano passado, o STJ cassou a falência. Na última semana, o vice-presidente da Corte, Og Fernandes, anulou todas as decisões da juíza que sucederam a anulação da quebra, inclusive aquelas em que ela afastou Geraldo da sociedade.

A juíza, no entanto, voltou a fundamentar, com base nas suspeitas de fraudes, que o empresário precisava continuar alijado do comando da JR Diesel. Ela diz que sua decisão independe de a JR Diesel estar, ou não, em falência.

O que diz Geraldo Rufino

Metrópoles apurou que a defesa de Geraldo Rufino deve contratar uma auditoria para combater, nos autos do processo, os valores e suspeitas levantadas pelo gestor judicial e vai pedir para que ele detalhe as acusações para que sejam checadas pelos advogados. Eles também devem pedir oitivas de funcionários na Justiça, além de dados referentes ao total já quitado da dívida.

Em outra oportunidade, o advogado Rodrigo Numeriano, que defende a JR Diesel, disse ainda que a empresa é “pessoa jurídica ativa, cujo plano de recuperação judicial já foi homologado, a qual possui gestão eficiente e transparente, assegurando centenas de empregos diretos e indiretos com a regular exploração de sua atividade empresarial”. “O seu plano vem sendo cumprido, com o devido adimplemento dos credores.”

Geraldo Rufino diz ser perseguido pelo dono da JSL, de quem era amigo, após ser garantidor de uma dívida de seu filho que não foi paga. Segundo ele, após a desavença, a empresa passou a usar a Justiça para atingi-lo.

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